A gengivite em cachorro é uma das doenças bucais mais comuns na medicina veterinária e pode afetar gravemente a saúde bucal e o bem-estar geral do pet.
Essa inflamação, se não for tratada adequadamente, pode evoluir para a doença periodontal em cães, comprometendo não apenas a saúde bucal, mas também órgãos vitais como coração, rins e fígado.
Por isso, é fundamental conhecer os sinais, causas e tratamentos dessa condição. Neste conteúdo, você vai descobrir como identificar os sintomas, quais são as principais causas, as melhores formas de tratamento e, claro, como prevenir esse problema. Confira!
O que é gengivite em cachorro?
A gengivite em cães é uma inflamação da mucosa oral, que pode comprometer a gengiva, como também áreas próximas, como a mucosa lingual e a zona orofaríngea, que corresponde à parte posterior da boca, próxima à garganta.
A condição é considerada o primeiro e mais leve estágio da doença periodontal, caracterizada por um processo inflamatório reversível se tratado adequadamente.
No entanto, se não houver intervenção, a gengivite pode evoluir para quadros mais graves e irreversíveis, como a periodontite, por exemplo.
A inflamação ocorre como uma resposta do organismo à presença de agentes irritantes na região gengival, principalmente bactérias presentes na cavidade oral.
O que causa gengivite em cães?
A gengivite em cachorro geralmente é causada por três fatores principais:
- Acúmulo de placa bacteriana e tártaro nos dentes, resultado da falta de escovação e higiene bucal inadequada;
- Dentes fraturados ou quebrados, que favorecem a retenção de alimentos e o crescimento de bactérias;
- Lesões ou tumores na boca, que podem gerar inflamação e facilitar a proliferação bacteriana.
Em alguns casos, a gengivite também pode estar associada a doenças sistêmicas — como diabetes ou quadros de imunossupressão — que reduzem a capacidade de defesa do organismo contra infecções bucais.
Quais são os sintomas de gengivite em cachorro?
Na maioria dos casos, o mau hálito é o primeiro sinal percebido pelos tutores, surgindo de forma persistente e desagradável durante momentos comuns, como as brincadeiras ou as lambidas do pet.
Outro indício muito frequente é a gengiva vermelha e inchada, especialmente ao redor dos dentes, sinal claro de que o tecido está inflamado e sensível.

Além desses sinais iniciais, há outros sintomas importantes que ajudam a identificar o problema precocemente e buscar o atendimento veterinário adequado, como:
Sangramento na gengiva
Mesmo com pequenos estímulos, como a mastigação de brinquedos ou petiscos, a gengiva inflamada pode sangrar facilmente. Esse sangramento também pode ser percebido durante a escovação dos dentes ou por manchas de sangue deixadas em objetos.
Dor e desconforto ao mastigar
A inflamação causa dor, que pode levar o cão a evitar alimentos mais duros, preferindo rações úmidas ou petiscos macios. Alguns cães passam a mastigar de um lado só da boca ou deixam de mastigar completamente, demonstrando desconforto.
Salivação excessiva (sialorreia)
É comum que o cão com gengivite apresente excesso de baba, que pode ser espessa ou conter traços de sangue.
Nesses casos, você pode perceber manchas úmidas na cama ou nas patas, quando o cão lambe a boca para aliviar o incômodo.
Alterações visíveis na gengiva
Além da vermelhidão e do inchaço, a gengiva pode apresentar:
- úlceras ou feridas;
- bolhas ou alterações na textura;
- em casos graves, retração gengival, deixando as raízes dentárias expostas.
Mudanças de comportamento
Devido à dor e ao desconforto, o cão pode demonstrar:
- apatia ou isolamento;
- agressividade ao tocar na boca;
- diminuição do apetite ou recusa alimentar.
Esses sinais comportamentais também são comuns em quadros de dor de dente em cachorro.
Coceira na boca e esfregar o focinho
O cão pode tentar aliviar o desconforto esfregando o rosto em móveis ou no chão, ou ainda coçando a boca com as patas.
Gengiva branca ou pálida
Em quadros mais graves, a gengiva pode perder a coloração saudável, ficando pálida ou esbranquiçada, o que pode indicar necrose ou problemas de circulação sanguínea local.
Presença de bolhas ou caroços
Alguns cães podem desenvolver bolhas na boca ou pequenas protuberâncias gengivais, resultado de irritação crônica ou proliferação tecidual.
Doenças com sinais e sintomas semelhantes

Além da gengivite, existem outras doenças bucais que apresentam sintomas semelhantes e podem confundir o diagnóstico:
- Periodontite canina: estágio avançado da gengivite, que afeta estruturas mais profundas.
- Abscessos dentários: resultam em cachorro com dente inflamado e dor intensa.
- Neoplasias orais: podem gerar bolhas ou massas na boca do cachorro.
- Estomatite: inflamação generalizada da cavidade oral.
A diferenciação deve ser feita por um médico-veterinário, com avaliação clínica e exames complementares.
Quais cães têm maior risco de desenvolver gengivite?
A doença periodontal afeta cerca de 75% dos cães entre quatro e oito anos, conforme revisão publicada na Medvep (2020), sendo considerada uma das infecções mais prevalentes na rotina veterinária.
Contudo, alguns cães possuem maior predisposição à gengivite devido a características anatômicas, comportamentais ou fisiológicas. Conheça os principais grupos e fatores de risco:
Raças pequenas
Raças como Yorkshire Terrier, Poodle, Shih Tzu e Dachshund são mais propensas à acumulação de placa bacteriana. Isso acontece por alguns motivos:
- Menor atividade de mastigação: cães de pequeno porte tendem a morder menos objetos, o que reduz a abrasão natural necessária para desorganizar a placa dentária.
- Dieta inadequada: muitos se alimentam exclusivamente de comida caseira ou industrializada úmida, que não promove a limpeza mecânica dos dentes.
- Desproporção dentária: raças pequenas possuem o mesmo número de dentes que as grandes, mas com uma mandíbula menor, o que resulta em dentes mais próximos, má oclusão e apinhamento.
Um exemplo clássico é o Yorkshire Terrier, que frequentemente apresenta retenção dos dentes decíduos (dentes de leite), prolongando o desalinhamento e a orientação dentária inadequada (PIBOT, 2007).
Cães braquicefálicos
Raças como Bulldog Francês, Pug e Shih Tzu também têm maior risco de gengivite devido à sua conformação anatômica. A proximidade e desalinhamento dos dentes favorecem o acúmulo de resíduos alimentares e a formação de placa bacteriana.
Idade avançada
Cães idosos apresentam maior risco de gengivite por conta da imunossenescência — um enfraquecimento natural do sistema imunológico com a idade — e pela redução da capacidade de autolimpeza bucal.
Além disso, o estudo de Venturini (2006) observou uma relação direta entre a idade avançada e a prevalência da doença periodontal, corroborado por Harvey et al. (1994) e Kyllar & Witter (2005).
Alimentação inadequada
Cães que se alimentam apenas de comida úmida ou caseira, sem o estímulo da mastigação de alimentos sólidos e abrasivos, têm maior risco de desenvolver gengivite e outras doenças bucais. A falta desse estímulo impede a remoção natural da placa bacteriana.
Condições que afetam a imunidade
A resposta imune alterada torna os cães mais suscetíveis à gengivite. Entre os fatores que impactam a imunidade, destacam-se:
- envelhecimento natural;
- estresse psicológico ou ambiental.
- doenças sistêmicas: como uremia, hepatite e distúrbios endócrinos.
Esses fatores interferem na resistência do organismo e favorecem a proliferação bacteriana na cavidade oral (HYDE & FLOYD, 1997; WIGGS & LOBPRISE, 1997).
O que acontece se a gengivite em cachorro não for tratada?

Nos estágios iniciais, a gengivite é considerada uma condição reversível, desde que a placa bacteriana seja removida de forma adequada, já que nesse momento ainda não há perda do ligamento periodontal.
Contudo, se a inflamação persiste, a situação pode se agravar rapidamente. Com o avanço do quadro, surgem complicações como:
- úlceras ou proliferação de tecido na mucosa oral.
- sialorreia (salivação excessiva).
- dificuldade para mastigar ou beber água.
- dor intensa e desconforto oral, que afetam diretamente a qualidade de vida do pet.
E, se não for tratada, a gengivite progride para um quadro mais grave: a periodontite. Nessa fase, ocorre a destruição do ligamento periodontal, com consequências sérias, como:
- perda dentária.
- infecção bacteriana sistêmica (bacteremia).
- danos a órgãos vitais, como rins, fígado e coração.
Por isso, é fundamental que a gengivite nunca seja negligenciada. O diagnóstico e o tratamento precoces são essenciais para evitar complicações e preservar a saúde geral do cão.
Quais são os estágios da gengivite em cachorro?
A gengivite canina evolui de forma progressiva, passando por diferentes estágios, que variam em gravidade e impacto na saúde bucal do cão, como detalhamos abaixo:
1. Gengivite inicial
O estágio inicial da doença é caracterizado por uma discreta vermelhidão e o início da inflamação na gengiva, especialmente ao redor dos dentes.
A condição ainda é totalmente reversível com medidas simples, como a remoção da placa bacteriana por meio da escovação adequada e uma limpeza profissional.
Muitos tutores não percebem alterações nessa fase, pois os sinais são sutis e o cão, geralmente, não demonstra dor.
2. Gengivite moderada
Nessa etapa, a inflamação se intensifica, apresentando sinais mais evidentes:
- inchaço da gengiva.
- sangramento, principalmente durante a mastigação ou escovação.
- aparência de gengiva vermelha e brilhante.
O cão pode começar a apresentar desconforto, recusar brinquedos mais duros ou demonstrar resistência à manipulação da boca.
Nesse estágio, a gengivite ainda é reversível, mas exige uma intervenção mais rigorosa e acompanhamento veterinário.
3. Gengivite grave
Nesta fase, a gengivite evolui para um quadro grave e doloroso, que causa dor intensa, sangramento frequente e maior risco de perda dentária.
É um quadro mais grave que pode progredir rapidamente e causar a destruição irreversível dos tecidos de sustentação dos dentes. Uma condição que pode comprometer a saúde sistêmica do animal.
Como é feito o diagnóstico da gengivite em cachorro?

O diagnóstico da gengivite em cães é essencial para determinar a gravidade do quadro e orientar o tratamento adequado.
A confirmação exige a avaliação de um médico-veterinário, preferencialmente especializado em odontologia veterinária. Entre os procedimentos mais comuns estão:
- exame clínico da cavidade oral.
- avaliação do índice de placa e cálculo dental.
- radiografias dentárias para avaliar o comprometimento ósseo.
Em casos avançados ou quando há suspeita de complicações sistêmicas, podem ser indicados hemograma e perfil bioquímico, para avaliar a saúde geral.
Como tratar gengivite em cachorro?
O tratamento da gengivite canina depende principalmente do estágio da doença e do grau de comprometimento dos tecidos periodontais.
Entre os procedimentos mais comuns para tratar gengivite em cães estão:
- limpeza dental profissional (profilaxia).
- antibiótico para gengivite em cães, prescrito pelo veterinário em casos de infecção.
- em casos avançados, extração dentária pode ser necessária.
Como prevenir a gengivite em cachorro?
A prevenção da gengivite é a melhor forma de garantir a saúde bucal do cão e evitar complicações graves, como a doença periodontal.
Manter uma rotina de cuidados preventivos é fundamental para impedir a formação de placa bacteriana e, consequentemente, a evolução para quadros inflamatórios.
Entre as principais ações preventivas estão:
Escovação de dentes em cães
A escovação diária é a forma mais eficaz de prevenir a gengivite. O cuidado deve ser realizado com escova e pasta dental específica para cães.
No Blog da Cobasi, você encontra um conteúdo completo sobre como escovar os dentes de cachorro, com dicas práticas para criar uma rotina de cuidados tranquila.
Alimentação adequada
Ofereça uma ração balanceada e de qualidade, formulada para auxiliar na saúde bucal. No pet shop online da Cobasi, há opções de alimentos específicos com grãos de textura abrasiva, que auxiliam na remoção da placa durante a mastigação.
Evite alimentar o cão exclusivamente com comida caseira ou ração úmida, que não promove essa limpeza natural.
Além disso, existem petiscos para saúde bucal canina, formulados para reduzir o tártaro e manter a gengiva saudável.
Brinquedos ajudam na higiene bucal
O uso de brinquedos mordedores apropriados contribui para a higiene bucal e o fortalecimento da gengiva.
Opções como cordas, brinquedos de borracha resistente ou ossos naturais (adequados e seguros) são ótimos para estimular a mastigação e reduzir o acúmulo de placa.
Check-up odontológico regular
Leve o cão ao médico-veterinário para avaliações periódicas da saúde bucal. O ideal é realizar um check-up odontológico ao menos uma vez ao ano em cães adultos saudáveis.
Já cães de raças predispostas ou com histórico de problemas dentários, o mais indicado é consultar um profissional a cada seis meses.

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