A gastroenterite em cachorro é uma inflamação que atinge o aparelho digestivo, afetando principalmente o estômago e o intestino. Ela pode ser causada por vírus, bactérias, parasitas, intoxicações alimentares, alergias ou até estresse.
Apesar de ser uma doença relativamente comum, não é uma zoonose, ou seja, não passa para humanos. A boa notícia é que tem cura, desde que seja identificada e tratada corretamente por um médico-veterinário.
O problema pode surgir de forma repentina (gastroenterite aguda) ou se prolongar por mais tempo (gastroenterite crônica), dependendo da causa e da gravidade.
Entre os sintomas mais comuns estão vômito, diarreia, perda de apetite, apatia e, em casos mais graves, sangue nas fezes.
Embora possa afetar cães de qualquer idade ou porte, filhotes, idosos e animais com imunidade baixa estão mais suscetíveis a complicações, como desidratação severa e agravamento do quadro clínico.
Por isso, é fundamental buscar atendimento veterinário assim que surgirem os primeiros sinais.
Neste artigo, você vai entender as diferenças entre gastroenterite aguda e crônica, suas principais causas, sintomas de cada forma, tratamento e prevenção. Continue a leitura!
Tipos de gastroenterite em cães
A gastroenterite canina pode ser classificada em dois tipos principais: aguda e crônica. A diferença entre os tipos está relacionada principalmente à intensidade dos sintomas, à duração do quadro e às causas envolvidas.
Embora ambas exijam acompanhamento veterinário, o tratamento e o manejo podem variar de acordo com a gravidade, a evolução do quadro e a causa associada.
Gastroenterite aguda x crônica em cães: veja as diferenças
Confira, na tabela abaixo, as principais características de cada tipo:
Característica | Gastroenterite aguda | Gastroenterite crônica |
Início | Súbito | Progressivo ou recorrente |
Duração | Dias (até 2 semanas) | Semanas ou meses |
Causas comuns | Alimentos impróprios, vírus, bactérias, parasitas, intoxicações, corpo estranho | Doenças de base, alergias, inflamações intestinais, desequilíbrio da microbiota, problemas imunológicos |
Principais sintomas | Vômito, diarreia (com ou sem sangue), febre, dor abdominal, apatia | Vômito e diarreia frequentes, perda de peso, fraqueza, apatia |
Gravidade | Pode ser leve, moderada ou grave | Crônico, com impacto na qualidade de vida |
Risco de complicação | Alto em filhotes, idosos e imunossuprimidos | Alto se não tratado, risco de desnutrição e agravamento do quadro |
Prognóstico | Bom, com tratamento rápido | Depende da causa, exige controle e acompanhamento contínuo |
“Os sintomas são muitas vezes inespecíficos, o que torna essencial buscar ajuda veterinária logo nos primeiros sinais, para avaliar se é caso de gastroenterite ou outra doença”, orienta a médica-veterinária Lysandra Barbieri, especialista em saúde canina.
Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de recuperação sem complicações.
Causas da gastroenterite em cachorro
A gastroenterite em cães pode ter diferentes origens, dependendo se o quadro é agudo ou crônico. A inflamação surge sempre que há algum fator que comprometa a integridade da mucosa gastrointestinal ou cause desequilíbrios na flora intestinal.
Quando é aguda, a doença costuma ser provocada por agentes externos, por agressões pontuais ou situações transitórias, como indiscrições alimentares, infecções e intoxicações.
Já na forma crônica, a persistência dos sintomas geralmente está associada a doenças de base, distúrbios alimentares, problemas imunológicos ou parasitas resistentes.
Entre as causas mais comuns estão:
- Indiscrições alimentares, que acontecem quando o cão consome lixo, restos de comida humana ou alimentos tóxicos, como chocolate, uvas ou cebola.
- Mudança repentina de ração, comprometendo o equilíbrio da microbiota intestinal e provocando episódios de diarreia, mesmo em cães saudáveis.
- Infecções virais, como parvovirose, coronavirose e cinomose, que estão entre as principais causas de gastroenterite aguda, especialmente em cães jovens ou sem vacinação.
- Infecções bacterianas, provocadas por agentes como Clostridium, Salmonella e Escherichia coli, geralmente após consumo de água ou alimentos contaminados.
- Parasitas intestinais, como ancilostomídeos, giárdia e tênias, que podem estar presentes tanto em quadros agudos quanto crônicos, principalmente em animais sem vermifugação regular.
- Ingestão de corpos estranhos, como brinquedos, tecidos, pedaços de ossos ou outros objetos, que podem causar obstrução intestinal, lesões na mucosa e inflamação grave, muitas vezes exigindo cirurgia.
- Exposição a substâncias tóxicas, como produtos de limpeza, plantas tóxicas e outras substâncias químicas, levando a quadros agudos de gastroenterite.
- Intolerâncias e alergias alimentares, causas frequentes de gastroenterite crônica, responsáveis por inflamações recorrentes na mucosa intestinal.
- Doenças inflamatórias intestinais (IBD), desordens autoimunes nas quais o sistema imunológico do cão ataca o próprio tecido intestinal, provocando inflamações de difícil controle.
- Doenças sistêmicas, como pancreatite crônica, hepatite e insuficiência renal, que podem afetar o funcionamento intestinal de forma indireta, levando a quadros crônicos de gastroenterite.
- Doenças genéticas e neoplasias, como enteropatias com perda de proteína e linfomas gastrointestinais, especialmente em cães de raças predispostas.
Sintomas da gastroenterite em cachorro
Os sinais clínicos podem variar conforme a gravidade, a evolução e a causa da gastroenterite. Quando é um quadro agudo, os sintomas surgem, os sintomas surgem repentinamente e costumam ser mais intensos.
Por outro lado, quando trata-se de uma condição crônica, os sintomas são mais sutis, porém persistentes e com agravamentos periódicos
De forma geral, os sintomas mais observados incluem:
- Vômito, que pode se apresentar em forma de espuma branca, gosma amarelada ou, em casos mais graves, com sangue. Em quadros leves, ocorre de forma isolada, mas pode se tornar contínuo se não tratado.
- Diarreia, muitas vezes líquida, de odor forte, podendo conter sangue ou muco. Nos quadros crônicos, as fezes tendem a ser moles de forma persistente ou intermitente.
- Letargia e prostração, com o animal demonstrando menos disposição, evitando interações e procurando locais mais isolados.
- Perda de apetite, tanto nos episódios agudos quanto crônicos, sendo um sinal claro de desconforto.
- Desidratação, percebida pela secura das gengivas, olhos fundos e diminuição da elasticidade da pele, especialmente preocupante em quadros com vômito e diarreia intensos.
- Dor abdominal, muitas vezes evidente quando o animal adota posturas incomuns para aliviar o desconforto ou reage negativamente ao toque na barriga.
- Febre, que pode estar associada a tremores, respiração acelerada e mal-estar generalizado, embora nem sempre perceptível sem o uso de termômetro.
- Perda de peso, mais associada à gastroenterite crônica, resultado de má absorção de nutrientes e do processo inflamatório constante.
- Apetite irregular ou seletivo, especialmente nos quadros crônicos, onde o cão alterna períodos de fome e recusa alimentar.
- Pelagem opaca, queda de pelos e fraqueza geral, reflexo do comprometimento nutricional causado pela inflamação persistente.
- Ruídos intestinais e gases frequentes, indicativos de desequilíbrio na microbiota e inflamação intestinal.
Nos casos crônicos, os animais passam por fases de agravamento, nas quais os sintomas se intensificam e podem se assemelhar a um quadro de gastroenterite aguda, exigindo atenção redobrada.
Diagnóstico da gastroenterite em cachorro
O diagnóstico exige uma abordagem clínica detalhada, começando pela anamnese — uma conversa entre o veterinário e o tutor para entender os hábitos, o histórico de saúde e os sintomas apresentados pelo pet.
Informações como mudanças na alimentação, acesso ao lixo, contato com outros animais, uso recente de medicamentos, vacinação e vermifugação são fundamentais para direcionar a investigação.
Na avaliação física, o profissional observa aspectos como grau de desidratação, temperatura corporal, dor abdominal, coloração das mucosas e sinais externos que possam sugerir parasitas ou intoxicações.
De acordo com o material desenvolvido pela equipe da Vetsete, após essa etapa, o veterinário pode solicitar exames complementares, que são essenciais tanto para confirmar o diagnóstico quanto para identificar a gravidade do quadro. Entre os exames estão:
- Hemograma e bioquímica sanguínea, que avaliam o estado inflamatório do organismo e a função de órgãos como fígado e rins.
- Ionograma, fundamental para verificar o equilíbrio de eletrólitos, geralmente alterado em casos de vômito e diarreia intensos.
- Teste rápido de parvovirose, especialmente indicado para filhotes com sinais severos, permitindo diagnóstico imediato da doença viral.
- Ultrassonografia ou radiografia abdominal, indispensáveis para detectar a presença de corpos estranhos, massas ou alterações intestinais graves.
- Teste de lipase pancreática (PLi), que ajuda a diferenciar gastroenterite de pancreatite, já que os sintomas são semelhantes.
- Exame de fezes, utilizado na detecção de parasitas resistentes, como giárdia e tênias.
- Dieta de exclusão com ração hipoalergênica, aplicada por até oito semanas nos casos suspeitos de alergias ou intolerâncias alimentares.
- Endoscopia ou biópsia intestinal, indicadas quando há suspeita de doenças inflamatórias intestinais (IBD) ou neoplasias gastrointestinais.
- Laparotomia exploratória, utilizada em situações graves, quando os exames convencionais não revelam a causa do problema.
Tratamento da gastroenterite em cachorro
O tratamento tem como foco eliminar a causa da inflamação, aliviar os sintomas e restabelecer o equilíbrio gastrointestinal. A estratégia terapêutica varia de acordo com a origem do problema, sua gravidade e se o quadro é agudo ou crônico.
De maneira geral, inclui:
- Reposição de líquidos e eletrólitos, por meio de fluidoterapia intravenosa, essencial para estabilizar o animal, especialmente quando há desidratação significativa.
- Jejum controlado e reintrodução alimentar gradual, utilizando dietas específicas, como rações gastrointestinais ou formulações caseiras indicadas pelo veterinário.
- Uso de antieméticos e protetores gástricos, que ajudam a controlar vômitos, protegendo a mucosa do estômago e favorecendo a recuperação.
- Antibióticos, utilizados apenas quando há confirmação de infecção bacteriana, com cautela para evitar desequilíbrios na microbiota intestinal.
- Tratamento da causa primária, que pode incluir remoção de corpos estranhos via cirurgia, controle de infecções virais ou parasitárias, ou manejo de doenças crônicas, como IBD, pancreatite ou insuficiência hepática.
- Mudanças alimentares definitivas, adotando dietas com proteína nova ou hidrolisada nos casos de alergias ou intolerâncias, além do uso contínuo de probióticos e suplementos intestinais para suporte da microbiota.
- Analgésicos e anti-inflamatórios específicos, empregados no controle da dor abdominal e da febre, sempre sob orientação veterinária.
- Medicação imunomoduladora, indicada em quadros de doença inflamatória intestinal.
- Antibióticos seletivos, utilizados em casos de supercrescimento bacteriano (SIBO), quando diagnosticado.
Prognóstico
O prognóstico da gastroenterite em cães é geralmente favorável nos quadros agudos, especialmente quando o tratamento é iniciado logo nos primeiros sinais.
No entanto, filhotes, idosos e animais imunossuprimidos exigem atenção redobrada, já que a desidratação pode evoluir rapidamente para complicações graves.
Nos casos de gastroenterite crônica, o prognóstico depende diretamente da causa subjacente. Algumas condições, como alergias alimentares, IBD ou doenças sistêmicas, exigem manejo contínuo e acompanhamento veterinário regular.
A recuperação pode ser rápida — entre 24 e 48 horas — nos quadros mais simples e bem conduzidos. Porém, em situações mais complexas ou crônicas podem demandar semanas ou até meses de acompanhamento e ajustes no tratamento.
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