Esporotricose em gatos: sintomas, causas, tratamento e prevenção

A esporotricose felina é uma doença fúngica grave causada por fungos do grupo Sporothrix schenckii

Na maioria dos casos, os primeiros sinais que surgem nos gatos são pequenas feridas na ponta da orelha, no nariz ou nas patas, que não cicatrizam e podem evoluir para úlceras profundas.

Embora comece como uma lesão cutânea localizada, a doença pode se espalhar rapidamente pelo sistema linfático e atingir órgãos internos, tornando o quadro grave e difícil de tratar.

Além de comprometer a saúde dos felinos, a esporotricose é uma zoonose — ou seja, pode ser transmitida para seres humanos, representando riscos para toda a família.

Neste artigo, contamos com a colaboração da médica-veterinária Dra. Lysandra Barbieri (CRMV/SP – 44484), para explicar tudo sobre a esporotricose em gatos:

  1. O que é esporotricose em gatos?
  2. Como saber se o gato está com esporotricose?
  3. Locais mais comuns das feridas em gatos com esporotricose
  4. Doenças com sinais semelhantes
  5. Transmissão da esporotricose em gatos
  6. Quais gatos têm maior risco de pegar esporotricose?
  7. Tipos de esporotricose em gatos
  8. A importância do diagnóstico precoce
  9. Como curar a esporotricose felina?
  10. Tratamento da esporotricose em gatos
  11. Prevenção da esporotricose em gatos
  12. Dúvidas frequentes

O que é esporotricose em gatos?

A esporotricose felina é uma infecção fúngica de caráter zoonótico causada por fungos do do gênero Sporothrix, que vivem em ambientes ricos em matéria orgânica, como solo, folhas secas, madeira e espinhos de plantas.

Em gatos, a infecção acontece quando o fungo entra no organismo por meio de feridas abertas na pele, geralmente após arranhões, mordidas ou contato com superfícies contaminadas.

Por sua relação com materiais vegetais, a doença também é popularmente conhecida como “doença do jardineiro”, e se destaca como uma zoonose importante — capaz de ser transmitida para seres humanos.

De acordo com a CRMV-PR, no Brasil, a esporotricose é considerada uma das principais zoonoses da atualidade, especialmente em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Embora seja uma doença tratável, exige diagnóstico precoce e tratamento contínuo para evitar complicações sérias e proteger tanto os animais quanto as pessoas.

O aumento dos casos reforça a necessidade de conscientização dos tutores e o papel essencial dos médicos-veterinários na prevenção e controle da disseminação da doença.

Como saber se o gato está com esporotricose?

Os primeiros sintomas da esporotricose felina geralmente são discretos, mas evoluem rapidamente se não forem tratados. Mas, de modo geral, a doença se manifesta de maneira progressiva, passando por diferentes estágios:

Esporotricose cutânea: o início da infecção

No estágio inicial, chamado de esporotricose cutânea, os principais sintomas são:

  • feridas avermelhadas pequenas, principalmente no rosto, ponta das orelhas, nariz e patas;
  • ferida que não cicatriza com secreção purulenta;
  • nódulos subcutâneos que podem se romper;
  • secreção nasal leve e ocasional;
  • espirros e leve desconforto respiratório.

Muitos tutores, ao verem uma única ferida, podem acreditar que o gato se feriu em uma briga ou esbarrou em algo. No entanto, ao contrário de ferimentos comuns, as lesões da esporotricose não cicatrizam espontaneamente e tendem a piorar.

Esporotricose linfocutânea: a infecção se espalha

No estágio inicial, chamado de esporotricose cutânea, os principais sintomas são:

  • feridas avermelhadas pequenas, principalmente no rosto, ponta das orelhas, nariz e patas;
  • ferida que não cicatriza com secreção purulenta;
  • nódulos subcutâneos que podem se romper;
  • secreção nasal leve e ocasional;
  • espirros e leve desconforto respiratório.

Muitos tutores, ao verem uma única ferida, podem acreditar que o gato se feriu em uma briga ou esbarrou em algo.

No entanto, ao contrário de ferimentos comuns, as lesões da esporotricose não cicatrizam espontaneamente e tendem a piorar.

Esporotricose linfocutânea: a infecção se espalha

Sem tratamento adequado, a doença avança para o sistema linfático, caracterizando a esporotricose linfocutânea. Nessa fase, os seguintes sintomas surgem:

  • úlceras profundas com secreções intensas;
  • inchaço nos vasos linfáticos, formando cordões duros sob a pele;
  • perda de apetite e início de emagrecimento progressivo;
  • secreção nasal mais intensa, muitas vezes associada a dificuldade respiratória.

A progressão torna a recuperação mais difícil e aumenta o risco de complicações internas.

Esporotricose disseminada: o estágio mais grave

Na fase de esporotricose disseminada, o fungo se espalha para vários tecidos e órgãos. Os sinais clínicos nesta fase incluem:

  • lesões ulceradas espalhadas pelo corpo, não só no rosto e patas;
  • secreção nasal com sangue e espirros constantes;
  • dificuldade para respirar;
  • gato muito magro, com aspecto debilitado e sem apetite;
  • febre alta e apatia severa.

Nessa etapa, o gato corre risco de infecções sistêmicas graves, exigindo tratamento intensivo e acompanhamento veterinário contínuo.

Locais mais comuns das feridas em gatos com esporotricose

gato esporotricose com sintoma de apatia
  • Ponta das orelhas;
  • Nariz e focinho;
  • Região dos olhos e pálpebras;
  • Patas (entre os dedos);
  • Região lombar e cauda.

Essas áreas são mais expostas a traumas e são portas de entrada para ação do fungo no organismo dos gatos.

Tutores, atenção aos sinais!

De acordo com a cartilha oficial de esporotricose para a população, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, além das feridas, a combinação de emagrecimento, secreção nasal e espirros frequentes são sinais que indicam a necessidade urgente de avaliação veterinária.

Detectar a doença nos primeiros estágios aumenta as chances de cura e reduz os riscos de transmissão para outros animais e para humanos.

Doenças com sinais semelhantes

Algumas condições podem ser confundidas com a esporotricose:

  • Micoses superficiais;
  • Abscessos bacterianos;
  • Lesões traumáticas;
  • Outras infecções fúngicas.

Por isso, é essencial que apenas um médico-veterinário, após exames específicos, determine o diagnóstico correto.

Transmissão da esporotricose em gatos

O contato com o fungo Sporothrix, presente em materiais orgânicos em decomposição como solo, musgo, madeira velha, folhas secas e espinhos de plantas, é o principal caminho para a infecção dos gatos.

Segundo o Ministério da Saúde, as principais formas de transmissão da esporotricose em gatos são:

  • Contato com ambientes contaminados: como solos, folhas, galhos e madeiras em decomposição, especialmente ao brincar, cavar ou afiar as garras em árvores;
  • Brigas entre gatos: arranhões e mordidas são vias comuns para que o fungo entre na pele saudável;
  • Contato direto com secreções de animais infectados: secreções de feridas abertas são altamente contaminantes;
  • Autocontaminação: o próprio gato pode espalhar a infecção para outras áreas do corpo ao lamber feridas ou esfregá-las.

Quais gatos têm maior risco de pegar esporotricose?

Embora qualquer gato possa contrair a esporotricose, alguns fatores aumentam consideravelmente o risco de infecção, como:

Gatos com acesso livre à rua

Segundo o Guia do CRMV-PR (2023), gatos que vivem soltos têm três vezes mais chances de contrair esporotricose em comparação com aqueles que vivem exclusivamente dentro de casa.

Isso acontece porque os felinos que circulam livremente estão mais expostos:

  • ao contato com solo, plantas, madeiras e materiais contaminados;
  • a brigas com outros gatos, aumentando o risco de arranhões e mordidas;
  • a possibilidade de contato direto com secreções de animais infectados.

Gatos que vivem em áreas de surto

Felinos que residem em regiões com histórico de surtos de esporotricose — como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Pernambuco — apresentam risco aumentado de exposição.

Nessas áreas, o número de animais infectados e a circulação do fungo no ambiente são maiores, o que favorece a disseminação da doença.

Gatos imunossuprimidos

Gatos que já possuem o sistema imunológico comprometido, como os portadores de FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) ou FeLV (Vírus da Leucemia Felina), têm menos capacidade de reagir contra infecções oportunistas, como a esporotricose.

Em animais imunossuprimidos, a doença tende a evoluir mais rapidamente e de forma mais agressiva, exigindo acompanhamento veterinário constante.

Animais resgatados ou sem histórico conhecido

Gatos resgatados das ruas ou adotados sem histórico médico conhecido também estão em maior risco. É fundamental que esses animais passem por uma avaliação veterinária completa, incluindo:

  • verificação de vacinação e vermifugação atualizadas;
  • exames clínicos e laboratoriais preventivos;
  • observação atenta para sinais como feridas, secreções ou sintomas respiratórios.

Essa atenção inicial ajuda a identificar precocemente possíveis infecções e evita a transmissão para outros animais da casa.

Tipos de esporotricose em gatos

gato com esporotricose

A esporotricose felina pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da gravidade da infecção e da resposta imunológica do animal. 

De maneira geral, a esporotricose em gatos é classificada em três formas clínicas principais:

Esporotricose cutânea

É a forma mais comum e inicial da doença, caracteriza-se por apresentar:

  • feridas avermelhadas e inchadas localizadas em áreas como nariz, orelhas, patas e face;
  • formação de nódulos subcutâneos;
  • secreção purulenta em feridas que não cicatrizam.

Nessa fase, o fungo está restrito à pele, e o tratamento precoce pode levar à recuperação completa do animal.

Esporotricose linfocutânea

Quando a infecção se espalha pelos vasos linfáticos, desenvolve-se a forma linfocutânea. As principais características são:

  • úlceras profundas e dolorosas;
  • formação de cordões subcutâneos de nódulos inflamados, ao longo do trajeto dos vasos linfáticos;
  • aumento da gravidade da infecção.

Essa forma indica que o fungo já superou a barreira cutânea e exige intervenção médica mais rigorosa.

Esporotricose disseminada

A forma disseminada é a mais grave e ocorre quando o fungo atinge órgãos internos, além da pele. Os sintomas desse tipo de esporotricose incluem:

  • múltiplas feridas ulceradas espalhadas pelo corpo;
  • secreções nasais intensas, às vezes com sangue;
  • dificuldade respiratória, febre, emagrecimento acentuado e apatia.

Essa evolução compromete seriamente a saúde do gato e pode, em casos avançados, levar ao óbito se não for tratada de maneira adequada.

A importância do diagnóstico precoce

Identificar a esporotricose cutânea ainda nos primeiros sinais é a melhor maneira de evitar que a doença progrida para formas mais graves. 

O diagnóstico da esporotricose felina deve ser realizado por um médico-veterinário, que avalia tanto os sinais clínicos quanto os resultados de exames laboratoriais específicos.

Entre os principais exames realizados estão: 

Citologia

Análise microscópica de amostras de secreção ou tecido lesionado. Pode revelar estruturas compatíveis com fungos.

Cultura fúngica

Considerada o método mais confiável. O material da lesão é cultivado em meio apropriado para identificar o Sporothrix.

PCR (Reação em Cadeia da Polimerase)

Técnica moderna que detecta o DNA do fungo com alta precisão.

Biópsia

Retirada de amostra de tecido para análise histopatológica, útil em casos complexos ou duvidosos.

doença do gato feridas

Embora a presença de feridas que não cicatrizam levante suspeitas da doença, é essencial confirmar a infecção para iniciar o tratamento correto e evitar a disseminação. 

Por isso, qualquer ferida persistente ou secreção incomum deve ser motivo para procurar orientação veterinária imediata.

Como curar a esporotricose felina?

Segundo a médica-veterinária Lysandra Barbieri: “A esporotricose em gatos tem cura, se o animal for submetido ao tratamento de maneira correta. 

Após diagnosticada, a doença é tratada com medicamentos e terapia de suporte às lesões. É importante ressaltar que o tratamento é longo, podendo durar até um ano.”

Tratamento da esporotricose em gatos

O sucesso do tratamento da esporotricose felina depende de fatores como o estágio da doença, o estado imunológico do animal e a adesão correta ao protocolo de cuidados.

De modo geral, o tratamento envolve basicamente as seguintes etapas: 

  • uso de medicamentos antifúngicos sistêmicos: o mais comum é o itraconazol, administrado por via oral diariamente.
  • terapia de suporte às lesões: limpeza cuidadosa das feridas para evitar infecções secundárias.
  • isolamento do animal doente: evitar contato com outros animais e humanos para reduzir o risco de transmissão.

O veterinário pode prescrever também outros medicamentos conforme a gravidade do caso, como antifúngicos injetáveis ou associação de remédios.

Existe pomada para tratar esporotricose em gatos?

O uso de pomadas antifúngicas pode ser indicado como tratamento complementar para lesões localizadas, mas não substitui o tratamento sistêmico oral.

Porém, é importante nunca automedicar o pet. O uso de pomadas, sprays ou qualquer outro produto deve ser orientado exclusivamente pelo médico-veterinário.

Prevenção da esporotricose em gatos

As principais medidas preventivas contra esporotricose em felinos são:

  • Manter o gato em ambiente protegido: gatos que vivem exclusivamente dentro de casa têm risco muito menor de infecção.
  • Evitar o acesso livre às ruas: restringir a circulação em terrenos baldios, quintais abertos, jardins e locais com solo ou matéria orgânica em decomposição.
  • Monitorar o contato com outros animais: evitar que o gato interaja com animais de origem desconhecida ou doentes.
  • Higienizar ambientes e acessórios: manter limpos os comedouros, bebedouros, caminhas e áreas de circulação do pet.
  • Atenção redobrada em regiões com histórico de surtos: em locais com alta incidência de esporotricose, os cuidados devem ser ainda mais rigorosos.
  • Isolamento de animais infectados: gatos diagnosticados com esporotricose devem ser isolados até a cura completa, para proteger outros animais e pessoas.

Existe vacina para esporotricose em gatos?

Não existe vacina disponível para prevenir a esporotricose em gatos. O que torna as medidas de proteção ambiental e o controle do acesso ao ambiente externo fundamentais para proteger os felinos.

Dúvidas frequentes sobre esporotricose em gatos

Um gato pode ter esporotricose mais de uma vez?

Sim, um gato pode ser infectado novamente se houver novo contato com o fungo Sporothrix, especialmente em ambientes contaminados ou em situações onde o tratamento anterior não eliminou completamente a infecção.

Por isso, é fundamental seguir todo o protocolo de tratamento até a alta veterinária e reforçar as medidas de prevenção após a recuperação.

Humanos podem pegar esporotricose do gato?

Sim, de acordo com o Ministério da Saúde: “A forma mais comum de transmissão para os humanos é quando o gato infectado transmite o fungo por meio de arranhões, mordidas ou lambeduras, ou quando há contato direto com as feridas do animal.”

O tutor precisa fazer exame?

Sim, especialmente se surgirem feridas ou lesões na pele após o contato com um gato diagnosticado com esporotricose.

Segundo o Ministério da Saúde, em casos de suspeita, o tutor deve:

  • procurar a unidade de saúde mais próxima;
  • relatar o histórico de contato com o animal infectado;
  • realizar exames laboratoriais conforme a orientação médica para confirmar ou descartar a infecção.

A avaliação precoce é essencial para iniciar o tratamento, caso necessário, e evitar complicações.

Por que a esporotricose em gatos é tão grave no Brasil?

De acordo com o Guia sobre Esporotricose Felina do CRMV-PR, dentro do grupo de fungos Sporothrix, destaca-se a espécie Sporothrix brasiliensis, responsável pelos casos mais graves da doença em gatos no Brasil.

Essa espécie apresenta:

  • Alta carga parasitária — o que facilita muito a transmissão entre animais e humanos;
  • Capacidade de infecção mais agressiva — causando lesões severas em menos tempo;
  • Ligação direta com surtos urbanos — principalmente nas regiões Sudeste e Sul do país.

A presença dominante do Sporothrix brasiliensis explica porque os casos de esporotricose em gatos brasileiros são mais difíceis de controlar e por que a prevenção e o diagnóstico precoce são tão importantes.

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